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​Nossa História

Carregamos nos pés a terra sagrada, na voz o vento e o canto dos pássaros, nas mãos a chama da ancestralidade, e no peito corre o rio da certeza: enquanto houver um Kariri-Xocó, haverá resistência e esperança.

Onde a terra abraça o rio, a memória constrói seu lar.

Antes que o tempo tivesse nome, as águas do Velho Chico já cantavam às margens do que hoje chamamos Porto Real do Colégio. Foi ali, no abraço entre terra e rio, que a história do povo Kariri-Xocó se entrelaçou.

Nascidos da união de dois povos ancestrais — Kariri e Xocó —, forjados na dor da colonização e na esperança da sobrevivência, os Kariri-Xocó carregam no sangue a memória da resistência e no espírito a sabedoria que o tempo não apagou.

A aldeia ergue-se como um ventre sagrado onde famílias, pajés e caciques tecem, dia após dia, a trama viva da cultura e da fé. O chão é mais que terra; é memória. O Rio São Francisco é mais que água; é elo sagrado que liga as gerações passadas às que ainda virão.

Na dança do Toré e no silêncio profundo do Ouricuri, ressoam os passos dos antepassados, preservados com honra e mistério. No artesanato moldado pelas mãos habilidosas, na música que ecoa dos maracás e dos búzios, pulsa a alma de um povo que, mesmo diante das adversidades, nunca deixou de cantar.

A luta pela terra, pela identidade e pela vida continua. Cada planta cultivada, cada palavra resgatada, cada criança ensinada é um ato de resistência. O futuro dos Kariri-Xocó se molda na força dos seus ancestrais e na esperança que nasce a cada amanhecer às margens do Velho Chico.

Somos raízes que não se arrancam.
Somos cantos que não se calam.
Somos a semente eterna da memória viva Kariri-Xocó.

Raízes Ancestrais

Muito antes dos mapas traçarem limites, os povos Kariri e Xocó desenhavam suas histórias na areia e no vento. Os Kariri habitavam o sertão nordestino; os Xocó, as margens dos rios. Unidos pela resistência à colonização, fundiram suas raízes, construindo uma identidade coletiva marcada pela memória e pela sabedoria ancestral. Hoje, ser Kariri-Xocó é carregar no sangue essa união e no espírito a força da sobrevivência.​Durante os séculos de resistência à escravidão, muitos negros perseguidos encontraram abrigo na aldeia Kariri-Xocó, especialmente vindos dos quilombos como o de Palmares.O acolhimento entre povos oprimidos gerou não apenas sobrevivência, mas uma miscigenação rica que hoje se reflete na diversidade dos traços físicos e culturais do povo Kariri-Xocó.Uma história de acolhida, união e força que ecoa até os nossos dias.

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A Terra e o Rio

Às margens do Rio São Francisco, a aldeia Kariri-Xocó respira. O rio é mais do que água: é alimento, é passagem, é elo espiritual. A terra, que já foi tomada e disputada tantas vezes, é sagrada, plantando sonhos e renovando histórias. Cada gesto de cuidado com o território é também um gesto de reverência à vida.

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O Espírito da Aldeia

A aldeia Kariri-Xocó é organizada como uma grande família. O pajé, guardião espiritual, conduz rituais e curas. O cacique representa politicamente o povo. Conselhos tribais decidem juntos; chefes de casa e de família sustentam o coletivo. Desde pequenos, os Kariri-Xocó aprendem que viver é partilhar: tarefas, saberes, sonhos.

Toré e Ouricuri: O Canto Sagrado

O Toré, dança circular aberta a todos que chegam com respeito, é expressão da resistência cultural. Já o Ouricuri, ritual secreto e sagrado, é vivido apenas pelos membros da comunidade, guardando segredos transmitidos geração após geração. Cada canto, cada batida do maracá, é um elo que não se rompe — uma voz ancestral que continua ecoando na terra.

Arte que encanta

Do barro nas mãos das ceramistas aos colares trançados em sementes e penas, o artesanato Kariri-Xocó é herança viva.Os maracás, apitos, cachimbos e instrumentos musicais feitos manualmente ecoam a espiritualidade e a alegria do povo.A venda do artesanato tornou-se, além de expressão cultural, uma fonte essencial de sustento para muitas famílias.

Guardadores da Natureza

Conhecedores profundos da Caatinga, os Kariri-Xocó usam plantas medicinais para curas e rituais desde tempos imemoriais.
A agricultura familiar — com mandioca, milho, feijão — e a pesca sustentável garantem alimento e respeitam os ciclos da natureza.
Cada semente lançada ao solo é um pacto silencioso de cuidado com a terra e com as futuras gerações.

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A Luta pela Terra

Ao longo dos séculos, o território Kariri-Xocó foi reduzido por invasões, grilagens e grandes projetos como a Hidrelétrica de Sobradinho.
A luta pela demarcação de terras tradicionais é permanente: é a luta pela sobrevivência física, cultural e espiritual.
Cada conquista, cada reconhecimento oficial, é uma vitória que ecoa o grito dos antigos.

Educação que Floresce

A educação indígena Kariri-Xocó é viva e orgânica.
As escolas indígenas resgatam o idioma, a história própria e integram os saberes tradicionais ao currículo formal.
Anciãos e professores indígenas trabalham lado a lado para garantir que cada criança cresça enraizada em seu povo, e aberta para caminhar pelo mundo com identidade e orgulho.

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